sábado, 15 de outubro de 2011

Olivia Byington


Olivia Byington iniciou a sua carreira como vocalista no final da década de setenta na banda de rock Antena Coletiva, ao lado de Jacques Morelembaum. Foi, de imediato, considerada pelo crítico Sérgio Cabral como a melhor cantora da sua geração. O primeiro disco em nome próprio – “Corra o risco” foi gravado em 1978 com “A Barca do sol”. No ano seguinte Olívia chegou ao primeiro lugar das paradas de sucesso com o tema “Lady Jane”. O terceiro disco, gravado em Cuba a convite de Sílvio Rodriguez, veio ampliar-lhe os horizontes internacionais que aterram em Lisboa em 1994, depois de muitos discos muitos shows, muita música… Nessa altura, apresenta-se em concertos memoráveis no Teatro Maria Matos onde um público, na altura pouco conhecedor da sua obra, se rende à sua impressionante extensão vocal e ao seu canto que de tão popular se torna impressionantemente sofisticado, que de tão erudito chega com facilidade ao coração do povo. Foi tão grande a surpresa do público e da crítica que, no ano seguinte, já Olívia se apresentava no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, tendo ainda vindo a Portugal para actuar na Expo 98, em Évora, Monsaraz, Sines, Aveiro, e, mais recentemente, à Aula Magna de Lisboa e Coliseu do Porto ao lado do grande Egberto Gismonti. Aliás, a cantora sempre se soube rodear de grandes artistas e é assim que cantou ao lado de grandes nomes como Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Djavan, Wagner Tiso, Radamés Gantali ou João Carlos Assis Brasil. Ao longo de sua carreira, lançou os discos “Anjo vadio” (1980), “Identidad” (1981), “Para viver um grande amor” (1983), “Música” (1984), “Encontro” (1984) (Troféu Chiquinha Gonzaga), “Melodia sentimental” (1986), “Olivia Byington e João Carlos Assis Brasil” (1990) e “A Dama do Encantado” (1997), este último em homenagem a Aracy de Almeida. Em 2003, lançou Canção do Amor Demais, em que regravou o antológico disco gravado em 1958 por Elizeth Cardoso com canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Em 2005, um encontro com o poeta português Tiago Torres da Silva no Rio de Janeiro, fê-la regressar à composição de que sentia grandes saudades. Familiarizada com o violão desde os oito anos, foi com facilidade que Olívia pegou nas palavras de “Areias do Leblon” e trouxe para a canção a sensualidade, a poesia, a musicalidade das praias da orla carioca. A essa canção seguiram-se outras, muitas com palavras do escritor português, mas também com a de outros poetas como Geraldo Carneiro, Cacaso e Marcelo Pires. Estas canções tão autorais, acabaram por gerar o disco mais confessional da sua carreira, um disco onde Olívia se assume não só como a grande cantora que crítica e público seguem com atenção no Brasil, mas como uma compositora de mão cheia, capaz de criar canções harmonicamente ricas, com melodias extraordinariamente originais. Por ser tão íntimo, Olívia quis rodear-se de amigos. Assim, convidou Leandro Braga para fazer uma parte dos arranjos musicais, mas também o português Pedro Jóia que a acompanhou nos temas “Clarão” e “Balada do avesso”, e muitos outros grandes músicos como Marco Pereira, João Lyra, João Zero e Zé Canuto. Quis também partilhar o canto e, por isso, dividiu o microfone com Seu Jorge no tema “Na ponta dos pés” e com a grande Maria Bethânia no tema “Mãe Quelé”, tema esse que homenageia Clementina de Jesus, cantora negra já falecida. “Olivia Byington” – o disco – tem as mesmas características de “Olivia Byington” – a cantora. A extraordinária sofisticação de ambos – disco e cantora – torna esta música originalmente popular e deliciosamente erudita.

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